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Terapia Quirofonética

dez 21, 2021

A quirofonética é uma terapia individual em que se utilizam toques e deslizamentos com as mãos nas costas ou braços e pernas do paciente, ao mesmo tempo em que são emitidos os sons da fala articulada. Os deslizamentos não são aleatórios e seguem a forma concebida pelo fonoaudiólogo e pedagogo curativo (educador terapêutico) austríaco Alfred Baur (1925-2008). O paciente está relaxado, em estado de escuta consciente e propriocepção das formas, sons, movimentos, tato e regiões do corpo. Em 1972, em um hospital neuropsiquiátrico em Linz (Áustria), Baur tratou de um menino de três anos de idade que não falava, apesar de não apresentar problemas no aparelho
fonador e de ouvir corretamente. Nesta época, teve a ideia de desenhar nas costas do menino o caminho que a corrente sonora percorre para articular os sons na boca e, desta forma, acentuar a percepção da fala nesta criança. A partir desta experiência, Baur dedicou sua vida a fazer as relações de sua descoberta com os princípios da medicina antroposófica e com a teoria da metamorfose de Goethe, ampliada por Steiner, desenvolvendo um trabalho de pesquisa em colaboração com sua esposa, a médica homeopata e antroposófica Adelgunde Ilse Baur, obtendo assim fundamentação científica para os resultados terapêuticos obtidos pela quirofonética.


Devido aos resultados positivos apresentados Alfred Baur foi convidado, a partir de 1973, por médicos e profissionais das várias instituições antroposóficas de cuidados com crianças e adultos portadores de necessidades especiais (Camphill) na Europa a ensinar sua nova terapia. Aos poucos a quirofonética foi sendo utilizada para outras dificuldades e não somente as de fala, pois se percebia que trazia harmonização, relaxamento e equilíbrio aos pacientes, atuando significativamente nas dificuldades respiratórias e de sono. Hoje em dia é aplicada como terapia complementar, ampliando a atuação de vários profissionais das áreas da fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia, entre outras.


PRINCÍPIOS DA TERAPIA QUIROFONÉTICA

Cada som articulado da fala humana foi considerado um fenômeno universal produzido pelas pessoas em seu aparelho fonador, sempre da mesma forma, independente da cultura a que o indivíduo pertença, das várias regiões geográficas onde esteja inserido ou da época histórica em que se observe o fenômeno. Se formássemos arbitrariamente os fonemas, segundo Baur, falaríamos de maneira errada ou incompreensível. Ao nos submetermos às rígidas leis da formação de fonemas, estamos nos subordinando inteiramente à vontade da fala. Deste ponto de vista, os fonemas são fenômenos arquetípicos e podem ser observados conforme os quatro passos da metodologia científica de Goethe. A análise cuidadosa dos fonemas é fundamental para compreensão de suas qualidades e direcionar a escolha terapêutica, já que são os elementos curativos da quirofonética. Tratar com fonemas parece ser absurdo, mas o estudante de quirofonética – do mesmo modo que um estudante de medicina ou farmacologia precisa conhecer as drogas e seus efeitos no organismo – precisa conhecer estas ‘substâncias’ – os fonemas –para poder utilizá-los de maneira terapêutica. Identificam-se os gestos que cada fonema executa quando da sua formação na boca e da sua exteriorização no ar de maneira fenomenológica. Observam-se tanto os processos corporais de saúde como de doença. Portanto, há, na quirofonética, uma série de ‘substâncias fonéticas’ ao nosso dispor, além de suas misturas e composições mais complexas. Baur1 apresentou os fonemas na ordem de sua relação com os quatro elementos e Menuzzi aprofundou este ponto de vista como segue:


• Calor – fonemas fricativos. Contêm a qualidade do éter calórico, relacionando-se assim com o eu humano
e colocando-se a seu dispor como base de transformações dos demais corpos da entidade humana.
• Ar – fonema vibrante ou trepidante intermitente. Contém a qualidade do éter luminoso e é a base dos
fenômenos de polarização da organização anímica. • Água – fonema aproximante lateral ou de divisão do ar. Contém a qualidade do éter químico e está
presente em todos os fenômenos de fluidez, em que a água como elemento físico desempenha o
papel de base à organização vital.
• Terra – fonemas nasais, elásticos e plosivos (oclusivos).


Estes fonemas têm a capacidade de libertar o éter vital, através de três processos distintos: de
desvio, de soltura elástica ou de soltura explosiva, dando ao corpo físico a flexibilidade necessária
para que possa abrigar a organização vital e deixar- -se vitalizar por ela. As vogais foram apresentadas numa ordem à parte desta, visto que do ponto de vista da articulação não têm nenhum obstáculo a inibir-lhes a corrente de ar sonora e, portanto, não adotam nenhuma das características dos elementos. No entanto, as vogais, de acordo com a antroposofia, são o soar planetário e representam na Terra a manifestação fonética dos sete planetas, responsáveis
pela arquitetura anímico-física do ser humano durante o seu processo de encarnação. Elas se apresentam como um
ressoar desta corrente de ar sonora, vibrando a arquitetura que a boca constrói para que o som aconteça.
Vogais provêm do mundo anímico e mergulham nas tramas dos elementos enquanto os iluminam, fortalecem e vivificam. Nas vogais, a articulação atinge maior repouso. O importante é a sonância e não a altura do som, estando todo o processo ligado à forma ressonante da cavidade bucal.

Esta breve explanação classificatória dos fonemas é de enorme valia aos terapeutas de quirofonética na escolha das
substâncias que utilizarão para seu ato terapêutico. O ser humano, com a sua origem físico-espiritual, é um organismo
complexo no qual interagem forças físicas e cósmicas. Na quirofonética, o reconhecimento desta complexidade e o
conhecimento da natureza humana quadrimembrada fazem com que a terapia possa recorrer aos fonemas e dirigi-los
de maneira consciente aos diferentes processos de interação entre o eu, organização anímica, organização vital e corpo físico, trazendo harmonia e saúde aos mesmos. Os fonemas possuem em si, também, qualidades ligadas
mais ao âmbito neurossensorial, metabólico ou rítmico, dependendo da localização de sua articulação, conforme será
apresentado mais adiante. Assim, a possibilidade de atuar no organismo humano através da quirofonética apresenta um caráter bastante abrangente, pois além de tocar diretamente sobre os três sistemas, ela ainda permite utilizar fonemas cujas qualidades terapêuticas decorrem das características assimiladas no processo de sua articulação nos pontos da boca, conforme a trimembração. Baur apresentou ainda uma ampliação das possibilidades terapêuticas com a classificação dos fonemas segundo as regiões de percepção gustativa, que são as mesmas onde se articulam os sons, acrescentando as características das qualidades substanciais dos sabores aos fonemas, dando assim à posologia quirofonética mais possibilidades de tratar o paciente segundo seu temperamento predominante, suas características individuais e seu estado de desequilíbrio temporário. Estes processos não serão abordados neste artigo. Quando analisamos a abordagem terapêutica da quirofonética, nos defrontamos diretamente com o fato de ser uma terapia que usa o toque e os fonemas. Contudo, sob o ponto de vista dos doze sentidos, todos serão cuidados de certa maneira. O toque e o deslizamento das formas fonéticas vão atuar diretamente nos sentidos do tato, vital, movimento e equilíbrio. O ambiente terapêutico proporcionado ao paciente, com o relaxamento advindo do calor, da tranquilidade e atenção individual, além da adequação das palavras, versos e ritmos à faixa etária, são alimentos primordiais dos sentidos corporais já citados e dos sentidos intermediários ou interativos (do calor, do olfato, da visão e do paladar). Os sentidos superiores, ou do conhecimento, são ativados ao tratarmos dos sentidos básicos segundo a antroposofia. A isto a quirofonética acrescenta o fato de ser uma terapia que não ativa a visão, enfatizando então os processos mais internos da audição e permitindo que o paciente compreenda o que está sendo aplicado de outro ponto de vista, menos analítico, e reconhecendo a substância da fala como parte de si mesmo.
A quirofonética como terapia permite que se coloque o paciente em repouso e pronto para alimentar-se da substância
luminosa e ordenadora contida na fala, permitindo ao sentido do eu reconhecer na atitude não invasiva, respeitosa e segura do terapeuta o apoio para promover o seu próprio autoconhecimento. Baur abriu possibilidades para a pesquisa antroposófica quando ampliou todo o legado apresentado por Steiner e Ita Wegman e mostrou sua aplicação prática pela quirofonética. Ele introduziu uma nova abordagem da metamorfose que a distingue e especializa para o entendimento dos processos terapêuticos do verbo. A formação de quirofonética requer do
aluno os conhecimentos da antroposofia, da fenomenologia goethiana e da fonética, sendo um processo onde a antroposofia é vista de modo prático, além do teórico.

Obniski, M. E. C., Menuzzi, M., & Pedrão, A. P. (2013). Bases teóricas antroposóficas da terapia quirofonética. Arte Méd Ampl33(3), 107-12.

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